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Endocrinologia9 setembro 2024

Hipogonadismo Masculino

O diagnóstico de hipogonadismo é baseado na deficiência clínica de andrógenos com confirmação laboratorial.

Devido à crescente prescrição indiscriminada de testosterona para fins estéticos, se faz jus elucidar uma de suas principais indicações clínicas: Hipogonadismo masculino 

Recentemente, a revista Lancet lançou uma revisão sobre esse tema tão importante. Segue abaixo um breve resumo dela. 

Hipogonadismo masculino

Conceitos importantes 

O eixo hipotálamo-hipófise-testículo é responsável por orquestrar a espermatogênese e síntese de testosterona nos homens. O hipogonadismo orgânico é causado por alguma patologia que compromete a produção de testosterona a nível central (hipotálamo ou hipófise) ou a nível testicular. Já o hipogonadismo funcional é decorrente de causas secundárias (tais como obesidade, diabetes mellitus (DM), uso abusivo de anabolizantes e opioides, exercício físico extenuante, entre outras). Esse último pode ser corrigido tratando-se a condição de base. 

A testosterona circula ligada à globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), sendo que algumas condições podem falsear os níveis de testosterona por alterarem os níveis de SHBG.  

Leia mais: Reposição de Testosterona: Como deve ser a avaliação médica detalhada?

A SHBG é baixa em homens com obesidade, DM2 não tratado, em uso de glicocorticoides, em uso exógenos de androgênios, síndrome nefrótica, hipotireoidismo não tratado, cirrose e acromegalia. Já nos casos de idade avançada, hepatopatias, hipertireoidismo não tratado, consumo abusivo de álcool e uso de alguns anticonvulsivantes, ela pode aumentar. 

Diagnóstico 

O diagnóstico de hipogonadismo é baseado na deficiência clínica de andrógenos com confirmação laboratorial. Não é recomendado o rastreio de rotina de hipogonadismo se o paciente não apresentar clínica sugestiva. 

A análise clínica deve envolver anamnese minuciosa e exame físico focado para achados de hipogonadismo. Alguns dos sintomas mais comuns em adultos podem ser: fadiga, humor deprimido, inaptidão para atividade física e atividades basais do dia a dia, além de sintomas sexuais como baixa libido e disfunção erétil. 

A dosagem dos níveis de testosterona deve ser realizada pela manhã, de preferência entre 7h e 10h da manhã, em jejum e na ausência de doenças agudas. Uma dosagem baixa deve ser confirmada em nova dosagem e somente então os níveis de FSH e LH devem ser dosados para distinção entre hipogonadismo primário e secundário. 

De um modo geral, o ponto de corte para os níveis de testosterona é de 300 ng/dL. 

Tratamento 

Casos de hipogonadismo funcional requerem o tratamento da causa de base com mudança de estilo de vida para perda ponderal e melhor controle metabólico. Já em casos de hipogonadismo orgânico, o tratamento é feito com reposição de testosterona. 

A testosterona está disponível em diversas formulações e a decisão de qual via utilizar, deve ser baseada na disponibilidade do serviço de saúde e da decisão conjunta médico-paciente. 

Antes de início da terapia, deve-se avaliar as contraindicações (ex: câncer de próstata, câncer de mama, planejamento de filhos em futuro próximo, insuficiência cardíaca e apnéia obstrutiva do sono – ambas não controladas). 

Veja também: Testosterona e risco incidental de fibrilação atrial em homens idosos

Após início da terapia, deve-se sempre monitorar os índices hematimétricos e de PSA e melhora dos sintomas, além de revisar em cada avaliação o risco-benefício da terapia. 

Conclusão e mensagem prática 

Como conclusão, o hipogonadismo masculino abrange um vasto grupo de etiologias e as manifestações clínicas dependem da idade do diagnóstico. É importante diferenciar o hipogonadismo orgânico do funcional, sendo esse um grande desafio para os médicos que atuam nessa área. O tratamento de escolha continua sendo a testosterona, sempre levando em consideração a segurança cardiovascular com análise personalizada para cada paciente do risco x benefício da terapia. 

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Referências bibliográficas

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