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Neurologia24 maio 2019

Cannabis: heroína ou vilã?

Apesar do estigma em torno da cannabis, as pesquisas acerca do uso tem aumentado, com resultados preliminares animadores. Confira:

Por Rachel Alencar

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

Os registros do uso da cannabis medicinal são mais antigos do que grandes marcos da história humana. Há manuscritos do milenar imperador chinês Shen Neng (referido também como Shenneng, Shen Nung e Shen Nong) – agricultor e pai da medicina chinesa – cujas origens datam de 2737 A.C. Naquela época, o chá da maconha era prescrito para diversas enfermidades, como gota, artropatias, malária e até mesmo déficit cognitivo leve.

Apesar do estigma ressurgente sobre a substância, as pesquisas acerca do uso tem aumentado, com resultados preliminares animadores. É o que demonstra o estudo do Instituto Neurológico de Dent com dados apresentados no último encontro anual da Academia Americana de Neurologia. Nesse encontro, frisou-se que a boa tolerabilidade da droga em pacientes maiores de 75 anos, esclarecendo-se que a legalização nos estados tem popularizado o uso.

O estudo Safety and Efficacy of Medical Cannabis in Elderly Patients: A Retrospective Review in a Neurological Outpatient Setting foi conduzido utilizando dados de pacientes de programa médico estadual que possibilita o uso de maconha medicinal. Foram incluídos 204 pacientes com idade que variou de 75 a 102 anos (média de 81 anos), cuja exposição ao medicamento foi de 16,8 +- 12,1 semanas.

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Desses pacientes 34% apresentou efeitos adversos – principalmente sonolência, desequilíbrio e intolerância gástrica – porcentagem essa que foi reduzida após ajuste na dosagem. 69% deles referiram alívio sintomático diante da dor crônica (49%), transtornos do sono (18%), neuropatia 15%) e ansiedade (10%). Além disso, o uso de derivados opioides foi reduzido em 32% dos tratamentos.

A visão polarizada cede lugar à crítica construtiva. Pode-se estar diante de tratamento alternativo promissor para algumas doenças crônicas. No entanto, ainda é cedo para afirmar a extensão do seu uso e os efeitos a longo prazo. Não se deve esquecer de efeitos colaterais reportados previamente, tais como problemas na memória de curto prazo e na coordenação motora, lentificação do raciocínio, concentração prejudicada, nem das questões legais implicadas.

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Referências:

  • BARGNES, V.; HART, P.; GUPTA, S. MECHTLER, L. Safety and Efficacy of Medical Cannabis in Elderly Patients: A Retrospective Review in a Neurological Outpatient Setting.
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