Qual é o valor prognóstico do MoCA no quadro de AVCi agudo?
Sabe-se que o AVCi pode trazer danos cognitivos significativos, mas como definir tal prognóstico? Existiria alguma maneira de aferir esse dado? Descubra.
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As doenças crônicas sistêmicas são mais do que um fardo epidemiológico. Na nossa contemporaneidade, seu peso recai sobre a população mundial limitando sua funcionalidade e sobrevida, sobretudo quando se tornam mais do que fatores riscos. Silenciosas, suas complicações se impõe como uma assustadora realidade. O invisível se torna palpável quando, por exemplo, um paciente com múltiplas comorbidades – sintomáticas ou não – sofre um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi).
Doença multifatorial, o AVCi é uma das principais causas de morte em adultos no mundo, além de representar também redução da sobrevida com sequelas que repercutem social e economicamente em uma população que ainda poderia ser produtiva.
Sabe-se ainda que o AVCi pode trazer danos cognitivos significativos e limitantes, mas como definir tal prognóstico nesses pacientes? Existiria alguma maneira de aferir objetivamente esse dado? Se sim, qual seria o momento para fazê-lo?
Tentando compreender melhor como definir o prognóstico cognitivo nesse contexto, foi desenhado o estudo “Early MoCA predicts long-term cognitive and functional outcome and mortality after stroke”. Utilizando-se de duas coortes prospectivas europeias, foram incluídos na pesquisa 125 pacientes do Hospital da Universidade de Ludwig-Maximilians, em Munique, Alemanha, e 149 pacientes do Hospital da Universidade de Lille, na França.
Foram excluídos pacientes com déficit focal agudo e área isquêmica evidenciada em TC, e excluídos pacientes com demência prévia, outras doenças do SNC, IQCODE >64, deficiência em habilidade linguística e condições que pudessem comprometer o seguimento (ex: câncer terminal).
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Um total de 274 pacientes foram submetido ao MoCA (Montreal Cognitive Assessment) nos primeiros sete dias do diagnóstico de AVC, entre janeiro de 2010 e abril de 2014. O ponto de corte utilizado foi < 26, previamente estabelecido como preditor de déficit cognitivo.
Corrigiu-se o escore com um ponto em pacientes com menos de 12 anos de escolaridade. Consecutivamente foi feito seguimento desses com avaliações cognitivas e funcionais no sexto, 12º e 36º meses, por meio sobretudo de entrevistas e escores validados.
O resultado foi impressionante: um escore MoCa < 26 de fato se relacionou a desfechos piores do ponto de vista cognitivo. Qual o valor dessa informação prognóstica? Para médicos, a compreensão das necessidades individualizadas de diversos tipos de reabilitação para cada paciente. E para pacientes e familiares? Melhor compreensão, empoderamento, visão ampliada sobre sua própria doença.
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Referências:
- Early MoCA predicts long-term cognitive and functional outcome and mortality after stroke. ZIETEMANN, V.; GEORGAKIS, MK.; DONDAINE, T.; et alli. 17 de outubro de 2018. 1212/WNL.0000000000006506.
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