Dieta e terapias nutricionais nas doenças inflamatórias intestinais
A dieta é um pilar fundamental a ser abordado nos pacientes com doenças inflamatórias intestinais (DII), tanto na prevenção quanto no tratamento.
O paciente com DII deve ser avaliado quanto ao estado nutricional, de preferência por equipe multidisciplinar, com nutricionista especializado, pois as restrições alimentares e as complicações clínicas da doença ativa podem culminar em desnutrição. As estratégias de tratamento nutricional devem ser individualizadas, levando em contato a gravidade e presença de complicações.
Recentemente, a AGA publicou atualizações das recomendações nutricionais nas DII na prática clínica, que serão aqui abordadas.
Qual a melhor dieta nas doenças inflamatórias intestinais?
A dieta do mediterrâneo deve ser ofericida sempre que possível. Essa dieta inclui variedade de frutas e vegetais, carnes magras (ex: peixes e frango) , carboidratos complexos (ex: alimentos integrais, aveia, batata doce, aipim), gorduras monoinsaturadas (ex: azeite, amêndoas, castanhas).
O consumo de carne vermelha e processada deve ser evitada em pacientes com retocolite ulcerativa, a fim de evitar recaída da doença
Quais estratégias de dieta reduzem o risco das DII?
Recomenda-se adotar dieta pobre em alimentos ultraprocessados, açúcar adicionado e sódio, além do estímulo ao aleitamento materno na infância.
Como consumir frutas e vegetais no caso de estenose intestinal?
Nesses casos, deve-se evitar o consumo desses alimentos crus, visto que o excesso das fibras podem acarretar sintomas. Recomenda-se cozimento e processamento desses alimentos, a fim de melhorar a textura e permitir que esses pacientes possam incorporá-los à dieta.
Em quais situações indica-se terapia nutricional enteral?
A terapia nutricional enteral líquida pode ser fornecida de forma exclusiva ou parcial para pacientes com doença de Crohn, a fim de auxiliar na indução à remissão, além de fornecer melhora do estado nutricional e poupar corticoide. Apresenta benefício especialmente em crianças.
Além disso, a terapia enteral é recomendada no pré-operatório de pacientes desnutridos com DII, pois permite otimizar o estado nutricional, reduzindo complicações pós operatórias.
Em quais situações indica-se terapia nutricional parenteral?
Nutrição parenteral é recomendada nas seguintes situações:
a) Fístula gastrointestinal de alto débito;
b) Íleo prolongado;
c) Síndrome do intestino curto;
d) Pacientes com DII com desnutrição grave refratários à nutrição oral/enteral
e) Pacientes em pré operatório de abscessos/ coleções intra-abdominais, permitindo repouso intestinal e melhora do estado nutricional, minimizando complicações pós operatórias.
A nutrição parenteral deve ser ofertada pelo menor tempo possível, devido aos seus riscos a longo prazo.
Quais são os sinais de alarme para desnutrição nos pacientes com DII?
Perda de peso não intencional, perda de gordura ou massa muscular e/ou edema são sinais de alarme. Quando presentes, o paciente deve ser encaminhado à nutricionista especializado.
Níveis normais de prroteínas séricas normais não exclui desnutrição.
Quais os principais micronutrientes que devem ser monitorados nos pacientes com DII?
Os níveis séricos de vitamina D e ferro. devem ser monitorados periodicamente. Na presença de doença/ ressecção ileal, recomenda-se ainda a monitorização de vitamina B12.
Mensagens práticas
A avaliação do estado nutricional e recomendações individualizadas de dieta são de suma importância no acompanhamento dos pacientes com doenças inflamatórias intestinais. Uma equipe multidisciplinar com nutricionista especializado permite manejo adequado e melhor prognóstico desses pacientes.
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