ATS 2024: Evidências e os últimos avanços no diagnóstico e tratamento de PAC
A palestra no congresso da American Thoracic Society (ATS) 2024 realizada pela Dra. Chiagozie Pickens, professora de pneumologia e terapia intensiva da Northwestern Medicine.University, resumiu os principais avanços em relação ao diagnóstico e tratamento da pneumonia adquirida na comunidade (PAC).
Realmente, essa doença permanece como uma das principais causas de morte por infecção no mundo. Além disso, o uso inadequado de antibiótico acelerou o surgimento de bactérias resistentes, sendo um dos principais desafios da medicina contemporânea. Nesse cenário, Dra. Pickens discute a importância da correta identificação do patógeno causador de pneumonia.
A discussão
Estatisticamente, os vírus permanecem como principal etiologia, principalmente nos casos onde não há identificação bacteriana. Nos últimos anos, o avanço da tecnologia de identificação molecular de bactérias e vírus no material do trato respiratório permitiu um uso mais racional dos antibioticos. Isso é importante, visto que o tratamento empírico de amplo espectro foi relacionado com aumento de mortalidade intrahospitalar.
As vantagens de se utilizar o painel molecular de pneumonia são: apresentar resultado rápido, ser independente de cultura, ser altamente sensível e permitir identificação de genes de resistência. Por outro lado, as limitação envolvem não identificar a diferença entre colonização e infecção, apresentar alto custo e o perfil de sensibilidade não poder ser apenas definido pelo teste molecular, permanecendo dependente de cultura.
Um exemplo da importância dos testes moleculares foi o ensaio clínico randomizado que comparou o uso de pesquisa de MRSA (Methicillin-resistant Staphylococcus aureus) para pacientes internados com pneumonia. Esse trabalho demonstrou um valor preditivo negativo auxiliando na suspensão de vancomicina empírica nos pacientes com swab negativo, enquanto quem é positivo, não é possível saber se é infecção ou colonização.
Outro tópico levantado foi sobre o tempo de tratamento. Estudo recente conduzido em quatro hospitais universitários espanhóis mostrou a não-inferioridade em tratar por cinco dias quando comparado com o tempo padrão de dez dias. Estudos recentes mostram que tratamentos de três dias podem inclusive ser eficazes, demonstrando a importância de haver uma abordagem personalizada para cada paciente, evitando as famosas “receitas de bolo”.
No escopo de controvérsias, está o uso de corticoide como adjuvante na PAC. É reconhecido que durante quadros de pneumonia grave há elevada concentração de citocinas, principalmente nos quadro de pneumonia multilobar com bacteremia e disfunção orgânica associada. No estudo francês de Dequin et al, cerca de 800 pacientes foram recrutados para avaliação de uso de hidrocortisona na pneumonia grave. Essa ensaio clinico, randomizado, demonstrou que hidrocortisona reduziu mortalidade em 28 dias.
A PAC permanece como a principal causa de morte por doença infecciosa no mundo, com mais de 1,5 milhões de adultos hospitalizados anualmente, apenas nos Estados Unidos. É importante ressaltar que não se discutiram novas moleculas ou novos tratamentos. A principal mensagem está justamente na rápida identificação e no uso racional dos antibioticos, reduzindo a pressão ambiental para o surgimento de bactérias resistentes, um dos nossos maiores desafios da atualidade.
Mensagem final
- Testes moleculares para pneumonia permitem descartar infecções por germes resistentes
- A identificação do patógeno no teste molecular não distingue entre colonização e infecção
- Tempo de tratamento deve ser personalizado, podendo ser cinco dias
- Corticoide em PAC grave internado no CTI reduziu mortalidade
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