Os adenocarcinomas da junção esôfago-gástrica (JEG) são tumores de comportamento peculiar, ainda não completamente compreendidos pela comunidade científica.
Nos últimos anos, estudos estão sendo direcionados a esses tumores e mudanças de paradigma no tratamento dos tumores da JEG vão surgindo e mudando as condutas em busca de melhores resultados oncológicos.
As mais recentes atualizações no manejo dos tumores da JEG foram discutidas no primeiro dia do 36º Congresso do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Neoadjuvância/terapia perioperatória
O estudo The Dutch Chemoradiotherapy for Oesophageal Cancer Follwed by Surgeru Study (CROSS), publicado em 2012, revolucionou o tratamento do câncer de esôfago com o estabelecimento de quimiorradioterapia pré-operatória seguido de cirurgia para carcinoma espinocelular e adenocarcinoma de esôfago.
Dado a menor eficácia desse esquema nos casos de adenocarcinoma de JEG, a busca por melhores resultados continuou e, em janeiro de 2025, o estudo ESOPEC trial foi publicado, trazendo novos paradigmas no tratamento do adenocarcinoma de esôfago e JEG.
O ESOPEC comparou o uso de quimioterapia perioperatória aos moldes do FLOT (fluoracil, leucovorin, oxaliplatina, docetaxel) em pacientes com adenocarcinoma de esôfago e da JEG com a quimio e radioterapia neoadjuvante aos moldes do CROSS.
A sobrevida global média foi de 66 meses no grupo FLOT e 37 meses no grupo quimiorradioterapia, indicando melhores resultados no grupo FLOT. Já a sobrevida livre de doença em 3 anos foi de 51,6% no grupo FLOT e de 35,0% no grupo CROSS
Os resultados com o grupo teste (FLOT) foram significativamente superiores a grupo controle (CROSS), com aumento da sobrevida global e sobrevida livre de doença, tornando o ESOPEC um estudo pivotal.
Tumores Siewert II: Esofagetomia ou Gastrectomia?
Um assunto ainda em discussão foi em relação ao tratamento cirúrgico aplicado a tumores da JEG Siewert II. Tanto a gastrectomia total com esofagectomia distal, quanto a esofagectomia (transhiatal ou torácica) podem ser realizadas no tratamento desses tumores.
Os estudos em andamento mostram melhores resultados com a realização de esofagectomia no tratamento de tumores Siwert II. A tendência atual é a realização de cirurgia minimamente invasiva (via laparoscópica ou robótica), com linfadenectomia mediastinal. Em tumores Siewert II com até 1,5 a 2,0 cm de envolvimento gástrico, a gastrectomia total com esofagectomia distal e linfadenectomia a D2 pode ser realizada.
Mensagem final
Atualmente o estudo Cardia trial, que compara os dois procedimentos cirúrgicos, está em andamento e poderá estabelecer paradigmas no manejo desses tumores.
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