Como indicar e planejar uma mamoplastia de aumento
A mama é uma das estruturas centrais do tórax e exerce importante influência na autoimagem corporal feminina, impactando relações interpessoais e qualidade de vida das pacientes. Por isso, a procura por intervenções que promovam simetria, proporcionalidade e harmonia na mama é crescente, sendo a segunda cirurgia plástica mais realizada no Brasil, com aproximadamente 250 mil novos casos de mamoplastia de aumento (MMA) anualmente.
A principal indicação cirúrgica de aumento mamário é a hipomastia, podendo ser por desenvolvimento insuficiente do parênquima (estratificada em primária quando não há desenvolvimento na adolescência ou por sequela de hipoplasia torácica, como na síndrome de poland) ou por involução (pós-gestacionais ou grandes perdas ponderais). Alterações do formato, como nas mamas tuberosas, além do desejo da paciente em modificar a forma e o volume mamário também devem ser considerados na indicação da abordagem.
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Etapa do planejamento da mamoplastia
O planejamento cirúrgico é a etapa subsequente e inclui a avaliação pré-operatória, escolha do implante mamário e da técnica a ser empregada. Alinhar expectativas do paciente, realizar exame físico detalhado, analisar exames complementares (como mamografia em pacientes acima de 35 anos e exames laboratoriais conforme comorbidades) e realizar registro fotográfico são os pilares da avaliação pré-operatória.
O planejamento cirúrgico inicia-se pela escolha do implante mamário. Em relação ao conteúdo, as próteses podem ser de solução salina ou gel de silicone. Produzidas inicialmente em 1962 por Cronin-Gerow (1ª geração), as próteses de silicone foram aprimoradas continuamente.
Atualmente, os modelos de 5ª geração para mamoplastia de aumento possuem gel mais coeso, cobertura resistente e maior diversidade de formatos e tamanhos, apresenta-se como o implante mais seguro e com melhor resultado tátil, sendo a opção de escolha. Outros parâmetros a serem escolhidos são o volume, projeção (perfil baixo, moderado, alto e extra alto), formato (anatômico, redondo ou cônico) e cobertura (lisa, texturizada e poliuretano). A escolha desses parâmetros deve ser pautada nas dimensões da mama, principalmente largura da base, nas proporções do tórax e no desejo da paciente.
Via de acesso
Em relação à via de acesso para implante da prótese, a mais utilizada é a via infra mamária, que tem como principal vantagem a melhor visibilidade da loja, além de preservar o parênquima evitando cicatrizes internas. Pelo posicionamento da incisão no sulco inframamário (SIM), está indicada para paciente com SIM bem definido.
Já o acesso periareolar é realizado preferencialmente em semicírculo inferior no limite entre complexo aréolopapilar (CAP) e pele (incisão de webster) e permite bom acesso ao polo inferior e SIM, porém seu campo pode ser limitado, principalmente em quando CAP < 4cm, além de possuir maior risco de contaminação pela transecção de ductos do parênquima e maior risco de alteração de sensibilidade no CAP.
O acesso axilar tem como principal vantagem a ausência de cicatrizes na mama, já que a incisão é posicionada na borda axilar anterior, porém apresenta maior dificuldade de visualização do campo e hemostasia, devendo ser realizada preferencialmente por via endoscópica. Quando usado implante salino podemos ainda optar pelo acesso trans umbilical, que permite incisão mínima na borda umbilical, porém apresenta campo limitado e dissecção mais complexa.
E no caso de implante de prótese?
Já na escolha do plano para implante da prótese, deve-se considerar a espessura de tecido subcutâneo, tipo de implante e expertise do cirurgião. Em pacientes com pinch test < 2 cm (baixo IMC) há maior risco de palpação e visibilidade do implante quando posicionado em plano subglandular, sendo essa a principal indicação para implante em plano submuscular, possibilitando contorno mais suave e natural.
Já em pacientes sem necessidade de associação à mastopexia e com boa cobertura subcutânea, pode-se optar pelo plano subglandular, que possibilita recuperação mais rápida e menos dor após o procedimento. O plano subfascial tem como vantagens a menor distorção com contração do músculo peitoral e contorno mais suave, porém seu plano de dissecção é mais difícil, estando condicionado à experiência do cirurgião.
Mais recentemente tem-se utilizado o dual-plane, que consiste na cobertura dupla da prótese, com musculatura do peitoral maior no polo superior e tecido glandular no polo inferior, permitindo redução de complicações como visibilidade do implante e contratura capsular.
Assim, compreendemos que o resultado satisfatório da cirurgia de aumento mamário (mamoplastia) é multifatorial e complexo, envolvendo a correta indicação, avaliação pré-operatória e planejamento cirúrgico, que envolve a escolha do implante, via de acesso e plano da loja. Esse processo deve ser individualizado para as particularidades e desejos do paciente, priorizando harmonia e funcionalidade.
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