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Neurologia19 outubro 2024

CBN 2024: Atualizações terapêuticas na doença de Parkinson - o que há de novo?

Uma sessão trouxe os estudos mais recentes sobre o tratamento da DP, com destaque para drogas modificadoras de doença.
Por Jesus Ventura

A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, associada à perda de neurônios dopaminérgicos nigroestriatais. Acredita-se que sua fisiopatologia envolve acúmulo anormal de uma proteína chamada alfa sinucleína, a qual se deposita formando os corpos de Lewy, com estresse oxidativo, disfunção e morte neuronal, culminando em neurodegeneração. Apresenta sintomas clínicos motores (lentificação de movimento, tremor, rigidez, alterações de marcha) e sintomas não motores (alteração de olfato, constipação intestinal, transtorno comportamental do sono REM, alterações de humor, cognitivas, dor, dentre outras).

Atualmente,o tratamento dos sintomas motores da DP é baseado em drogas dopaminérgicas, sendo a levodopa (associada a benserazida ou carbidopa) o carro-chefe no tratamento desta condição, além de outras opções como agonistas dopaminérgicos (p.e. pramipexol), inibidores de monoamino oxidase B (IMAO-B, p.e. rasagilina), inibidores da COMT (p.e. entacapone) e antagonistas NMDA (p.e. amantadina). Todas essas drogas são disponíveis e utilizadas no Brasil. Não existem drogas modificadoras de doença até o momento.

Durante o Congresso Brasileiro de Neurologia (CBN 2024), uma sessão discutiu o que há de novo no tratamento da doença.

Drogas modificadoras da doença que estão em destaque na DP

Novidades no tratamento da doença de Parkinson

Atualmente existem aproximadamente 60 ensaios clínicos com drogas modificadoras de doença e 76 ensaios clínicos com drogas para manejo sintomático na DP. Recentemente, em 2024, ganhou destaque publicação envolvendo o uso de lixisenatida (agonista de GLP1), como potencial modificadora da evolução da DP, onde pacientes que fizeram uso de tal medicação progrediram menos em escore motor na DP, porém sem relevância clínica na prática. Ainda sobre potenciais modificadoras de doença, há estudo envolvendo anticorpo monoclonal contra alfa sinucleína (prasinezumab), o qual falhou em impacto clínico, apesar da remoção de alfa sinucleína.

Em relação a terapias sintomáticas, há atualmente pesquisas estudando a levodopa, com desenvolvimento de diferentes formulações e vias de administração, como infusão oral contínua de levodopa, levodopa de liberação prolongada, liberação de micro doses de levodopa ao longo do dia e levodopa inalada (esta para tratamentos de off súbito). Ganha destaque a via de administração contínua subcutânea, através da foslevodopa, onde uma infusão subcutânea contínua seria eficaz para tratamento de flutuações motoras (aprovado recentemente pelo FDA).

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Com relação a outra terapia sintomática, ganha destaque estudo recentemente discutido, ainda não publicado, envolvendo uso de opicapona (inibidor da COMT), uma tomada diária, porém com início de uso antes do desenvolvimento de flutuações. Os resultados demonstraram melhora em escores motores dentro de um ano e menor incidência de complicações. Tais dados precisam ser replicados, mas há potencial de mudança de paradigma no tratamento sintomático da DP.

Mensagens práticas:

  • No universo das doenças neurodegenerativas, ganha cada vez mais destaque o potencial de drogas modificadoras de doença;
  • Os avanços nas terapias sintomáticas são promissores para grupos específicos de pacientes, com grande possibilidade dessas formulações estarem em nosso meio nos próximos anos;
  • É necessário aguardar mais estudos, bem como aprovação pelos órgãos de regulamentação, uma vez que nenhuma dessas novidades para tratamento sintomático citadas acima é disponível comercialmente no Brasil.

Continue acompanhando o Congresso Brasileiro de Neurologia com a gente!

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