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Cirurgia4 setembro 2024

A ressecção óssea é necessária no tratamento da deformidade de Haglund?

Estudo compara os resultados funcionais entre pacientes que passaram pela ressecção da deformidade de Haglund e aqueles que não passaram durante o tratamento da TCIA.
Por Rafael Erthal

A tendinopatia calcificante insertional do tendão de Aquiles (TCIA) associada à deformidade de Haglund é uma condição resistente ao tratamento e tem sido um desafio no campo da ortopedia.  

A necessidade de realizar a ressecção concomitante da deformidade de Haglund durante o tratamento da TCIA tem sido objeto de debate. Um recente estudo foi publicado com o objetivo de comparar os resultados funcionais entre pacientes que passaram pela ressecção da deformidade de Haglund e aqueles que não passaram por esse procedimento durante o tratamento da TCIA. 

Trata-se de um retrospectivo publicado na revista científica Foot and Ankle Surgery em julho de 2024 que incluiu 29 pacientes submetidos a desbridamento do tendão de Aquiles, excisão da bursa e posterior reinserção do tendão para o tratamento da TCIA com deformidade de Haglund.  

Os pacientes foram divididos em dois grupos: o grupo de ressecção óssea (n = 16) e o grupo de não ressecção (n = 13). Os pacientes foram avaliados com base nos escores da American Orthopedic Foot and Ankle Society (AOFAS), na Escala Visual Analógica (EVA) e no Victorian Institute of Sports Assessment–Achilles (VISA-A), além do tempo médio para retomada das atividades diárias.  

Alterações anatômicas, como o ângulo de Fowler-Philip, o ângulo de inclinação do calcâneo e o braço de força do tendão de Aquiles, foram medidas por meio de radiografias pré e pós-operatórias. 

Veja também: Qual é a epidemiologia das fraturas diafisárias dos metacarpos? – Portal Afya

 

Resultados 

Ambos os grupos apresentaram um aumento significativo nos escores AOFAS, EVA e VISA-A após a cirurgia. No entanto, não houve diferenças estatisticamente significativas entre o grupo de ressecção e o grupo de não ressecção para os escores AOFAS (92,38 ± 5,7 vs. 93,15 ± 12,17; P = 0,82), EVA (0,5 ± 0,52 vs. 0,61 ± 0,87; P = 0,66) e VISA-A (82,56 ± 13,46 vs. 74,92 ± 16,4; P = 0,18) no último acompanhamento. O tempo médio para retomar as atividades diárias no grupo de não ressecção foi significativamente mais rápido em comparação ao grupo de ressecção (8,15 ± 2,51 semanas vs. 11,31 ± 4,06 semanas, P = 0,02). 

No grupo de ressecção, o ângulo de Fowler-Philip diminuiu de 55,55° ± 12,34° pré-operatório para 44,52° ± 10,24° no último acompanhamento (P = 0,001), enquanto no grupo de não ressecção, o ângulo diminuiu de 54,38° ± 8,41° para 46,52° ± 8,02° (P = 0,016).  

O ângulo de inclinação do calcâneo no grupo de ressecção aumentou de 22,76° ± 5,37° pré-operatório para 25,98° ± 6,4° no último acompanhamento (P = 0,018), e o braço de força do tendão de Aquiles no grupo de ressecção diminuiu de 178,50 mm ± 5,37 mm pré-operatório para 173,90 mm ± 8,07 mm (P = 0,018). 

 

Conclusão  

Tanto a ressecção quanto a não-ressecção da tuberosidade calcânea posterosuperior em pacientes com TCIA associada à deformidade de Haglund proporcionaram resultados funcionais satisfatórios.  

No entanto, a não ressecção da deformidade de Haglund pode acelerar o retorno dos pacientes às suas atividades diárias, sugerindo que a ressecção da deformidade pode ser desnecessária no tratamento cirúrgico da TCIA com deformidade de Haglund. Esses achados podem influenciar a abordagem cirúrgica, oferecendo uma alternativa menos invasiva e potencialmente mais eficiente para esses pacientes. 

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